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O setor cultural e criativo foi responsável por 3,1% de toda a riqueza gerada em Portugal (quota de valor acrescentado bruto nacional) e por 2,7% do emprego nacional no ano de 2010, confirmando-se que o contributo deste setor cultural e criativo já compara bem com outros setores mais tradicionais e emblemáticos da economia portuguesa, como são os casos do têxtil e vestuário, da alimentação e bebidas ou do setor automóvel.
Estas são algumas das conclusões do estudo encomendado pela Samsung Eletrónica Portuguesa para assinalar o seu 30 º aniversário em Portugal e que foi apresentado durante a conferência ‘Dimensões Criativas do Negócio’.Segundo o estudo desenvolvido pela consultora Augusto Mateus e Associados, o reforço da relevância e dimensão do setor cultural e criativo na sociedade e na economia portuguesas, mesmo num período de crise económica e financeira, constitui uma tendência efetiva que se fundamenta tanto nos resultados de alguns estudos recentes à escala europeia, como na evolução do comércio internacional de bens e serviços culturais e criativos para a economia portuguesa.
Refira-se que, por exemplo, segundo um estudo de 2009, a região e a cidade de Lisboa ocupavam um significativo 18º lugar no ranking em matéria de emprego nas “indústrias culturais e criativas” e com um indicativo de localização destas atividades ligeiramente superior ao de regiões como a Lombardia (Milão) e Catalunha (Barcelona). Se compararmos a posição de Lisboa no ranking do emprego (18º) com oranking na população (48º), fica ainda mais evidente e expressivo o potencial deste cluster de profissões e atividades na região lisboeta.
Numa análise ao desempenho da economia portuguesa em 2010 ressalta que o País exportou nesse ano 1322 milhões de dólares no que respeita a bens culturais e criativos, tendo exportado 2139 milhões de dólares de bens relacionados com o setor cultural e criativo e 1523 milhões de dólares nos serviços culturais e criativos. Quer isto dizer que as taxas de crescimento médio anual destes três itens entre 2002 e 2010 se cifraram, respetivamente, em 6,3%, 8,3 e 15,45, valores que comparam com as taxas de crescimento a nível mundial no mesmo período de 8,59%, 8,64% e 13,6%, ou seja, enquanto a dinâmica ao nível do núcleo dos bens culturais e criativos ficou em Portugal aquém da dinâmica registada a nível mundial, a dinâmica ao nível dos bens relacionados foi semelhante e ao nível da exportação de serviços foi mais intensa entre nós do que a nível global.
O estudo promovido pela Samsung Eletrónica Portuguesa sublinha que, apesar da boa performance do setor, importa referir que ainda persiste em Portugal um défice global no comércio internacional de bens e serviços culturais – um défice que em 2010 se cifrou em cerca de 566 milhões de dólares, um pouco mais de metade do défice registado em 2002, que então atingia os 1070 milhões de dólares.
Esta redução do défice comercial foi alcançada através da obtenção de um excedente ao nível dos serviços culturais e criativos (133 milhões de dólares de saldo positivo em vez do défice de 40 milhões registado em 2002) e da redução sensível do défice nos bens relacionados (de 547 milhões e dólares em 2002 para apenas 16 milhões em 2010), apesar do alargamento do défice nos bens culturais e criativos, onde se passou de 483 para 683 milhões de dólares.
A análise solicitada pela Samsung Eletrónica Portugal conclui que o desempenho exportador da economia portuguesa neste setor cultural e criativo é suficientemente interessante para ser valorizado no contexto da construção de um novo paradigma de produção e de consumo suscetível de suportar o crescimento económico numa trajetória de superação da presente crise económica e financeira. E se analisarmos o comportamento do setor com mais pormenor, verificamos que se destacam as dinâmicas mais positivas de áreas como o design, as “arts & crafts” e a moda ao nível dos bens culturais e criativos, e dos novos media, do design e do audiovisual (difusão) ao nível dos bens relacionados.